sábado, 5 de setembro de 2009

HISTÓRIA IV

O céu amanheceu especialmente claro, sem nuvens, naquele que prometia ser o dia mais importante da sua vida.
Tomou um banho mais demorado que o normal. Vestiu a roupa separada no dia anterior. Evitou seu cachorro para não se sujar. Parou por alguns instantes à porta de sua casa, pensando nas decisões que seria obrigada a tomar.
Deste dia dependia o sucesso de um projeto de anos e anos.
Como um presságio, uma rajada de vento despenteou seus cabelos. Ficou toda descabelada. E, nervosa por causa do projeto, soltou quase rasgando as cordas vocais: vento féla da puta. Essa rajada de vento era um ciclone extratropical que passava impetuosamente por sua rua e o dia ficou tenebroso.
Sentiu algo bater em sua testa. "Granizo?! O que me falta acontecer agora?", gritou, enquanto corria para o bar da esquina. Chegando ao bar, viu uma velhinha atrás do balcão. Ela tomava um conhaque Presidente e esmurrava um velho rádio de pilha. Ouvia-se um ruído do rádio, estado de calamidade, o país estava sendo invadido por tropas estrangeiras.
De repente uma sirene toca, ouve-se gritos fortes vindos da rua e pessoas começam a correr desesperadamente. Atônita, Elisa vê, surgindo na multidão, um enorme elefante cor-de-rosa. "Mas o que é isso?", sussurra incrédula.
Na sela dourada, em cima do elefante, vinha ele. O Homem. Ao vê-lo, Elisa pensou:
"Ó Deus! Não havia mesmo uma hora pior?!"
Parecia que ele tinha engolido uma andorinha: Sarney. Com uma mão segurava no arreio, com a outra, segurava uma mala preta que parecia pesar uma tonelada.
"Confio-lhe os manuscritos de minhas obras literárias", disse ele ao descer do paquiderme.
"Os manuscritos por cima. E por baixo a quantia combinada. Preciso conferir?" perguntou Elisa. O sorriso de Sarney bastava.
Ela abriu a mala, afastou a papelada e começou a contar.
Mil quatrocentos e... mas, espera aí: isso aqui não é Real, isso aqui é Cruzado! O senhor tá achando que eu sou o quê?
-Não é parente?

FIM

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